quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Indígenas discutem propostas para melhoria da saúde na etapa distrital da 5ª CNSI do DSEI Vale do Javari

Indígenas das etnias Maryuruna, Marubo, Kanamary, Kulina e Matis se reuniram nessa quarta-feira (25) para discutir as propostas de melhoria para a saúde indígena durante a etapa distrital da 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI) do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Vale do Javari. O evento, que termina nesta sexta-feira (27), acontece no município de Atalaia do Norte (AM), sede do DSEI.

O coordenador geral da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Jader Marubo, participou das conferências locais e disse que esses encontros são uma vitória da luta indígena nacional. “Vi a realidade nua e crua do Vale do Javari. Sabemos que ainda está muito longe daquilo que desejamos, mas temos que continuar lutando para que não percamos os direitos conquistados”, afirmou.

A representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Gilmara Fernandes Ribeiro, também falou sobre o momento crítico de retrocesso dos direitos dos povos indígenas. “Esses direitos precisam ser reconhecidos e garantidos. A conferência é o momento de somar e aprovar uma saúde diferenciada”.

Para o secretário executivo do Fórum de Presidentes do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), Marcos Pádua, o momento é de repensar toda a política de saúde indígena. “A partir do próximo ano teremos uma assessoria em cada Condisi para nos fazermos mais presentes. A atenção diferenciada é o nosso grande lema. Ainda não conseguimos ter, mas estamos buscando junto à média e alta complexidade, com os estados e municípios”, pontuou.

A representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Nádia Vilas Boas, lembrou as especificidades da região do Vale do Javari. “Precisamos ter esse olhar da regionalização da saúde porque as questões são particulares. E o Conselho está aqui para ajudar, somos parceiros nessa construção da conferência para a saúde indígena”.
O cacique Waki Mayuruna falou das dificuldades para sair da aldeia e participar desta etapa da conferência. “Não foi fácil, viemos de muito longe para buscar nossos direitos. Espero que cada um de nossos parentes pense como resolver o problema da saúde indígena como um todo, não só do Vale do Javari”, disse o cacique.

O presidente do Condisi local, Jorge Marubo, lembrou os 25 anos da Constituição Federal, que permitiu aos brasileiros a possibilidade de discutir todas as políticas públicas que implantadas pelo governo. “Se não fosse a Constituição não estaríamos aqui debatendo isso para um povo específico, com cultura diferente. Sabemos que o atendimento da saúde indígena em média e alta complexidade é precário e nosso povo está morrendo, mas nem por isso podemos ficar calados e deixar de buscar uma política melhor para todas as nossas comunidades”.

O coordenador do DSEI, Heródoto Jean de Sales, reconheceu as dificuldades e que ainda é preciso melhorar, mas que também há avanços. “Conseguimos um helicóptero para fazer a remoção dos pacientes do Vale do Javari, construímos cinco postos de saúde dentro das aldeias, vamos colocar telefones por satélite nos oito Polos Base. Todos os dias estamos trabalhando para melhorar a situação desses povos que dependem exclusivamente de nós”, salientou o coordenador.

Participaram da conferência, ainda, o prefeito em exercício, Robinson Moss; o presidente em exercício da Câmara Municipal, Carlos Roberto; o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Eduardo Vieira; a coordenadora substituta regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Daniele Brasileiro; e o representante dos povos indígenas na Câmara, o vereador Manuel Barbosa, além de demais lideranças e convidados.

Conferências locais

Antes de chegar à etapa distrital, foram realizadas oito conferências locais, de abril a junho, nas aldeias Tawaia, Vida Nova, Estirão do Kumaru, Flore, Boa Vista, São Sebastião, Maronal e Lobo. Foram levantadas 573 propostas e eleitos 48 delegados, que vão culminar em 35 propostas e 16 delegados para a etapa Nacional da conferência, que será realizada em Brasília, (DF), de 26 a 30 de novembro. “As etapas locais foram muito bem discutidas pelos conselheiros locais, juntamente com a população indígena. A expectativa é que sejam aprovadas o maior número de propostas na conferência distrital”, finalizou Heródoto.

Por Graziela Oliveira
De Atalaia do Norte (AM)


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