terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Povos indígenas debatem Controle Social e Gestão Participativa


As atividades da tarde desta terça-feira (3) na 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena (5ª CNSI) começaram em ritmo de Toré. Antes do início das discussões da mesa central “Controle Social e Gestão Participativa”, os representantes dos povos indígenas do Nordeste fizeram uma apresentação da dança e convidaram delegados e observadores indígenas e não indígenas para entrarem na roda.

Logo depois, o coordenador da mesa, Edmundo Dzuaiwi Omore, conselheiro do povo Xavante, e representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), abriu os trabalhos que se estenderam por mais de duas horas.  Ailson dos Santos, da etnia Truká e assessor indígena do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Pernambuco, o Secretário de Gestão Participativa do Ministério da Saúde, Luiz Odorico, e a presidenta do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Maria do Socorro de Souza, compuseram a mesa.

Nem o auditório grandioso, com pé direito alto, sob luzes artificiais e a temperatura fria, por causa do ar condicionado - cenário e ambiente diferentes dos das diversas aldeias encontradas nas várias regiões do país, lugar de origem da maioria dos delegados – inibiram os representantes indígenas de debaterem e se posicionarem em relação à Gestão Participativa e o Controle Social. Os vinte minutos concedidos aos painelistas e os três minutos disponíveis àqueles que queriam fazer perguntas ou comentários muitas vezes foram insuficientes, já que a maioria dos participantes, representantes indígenas de várias etnias, vem de uma cultura em que a oralidade é bastante valorizada.

O painelista Ailson Truká, por exemplo, se apropriou do conhecimento acadêmico produzido dentro da universidade para conduzir sua apresentação. Ele expôs, oralmente e por meio de uma apresentação, fragmentos da tese de doutorado da pesquisadora Luciana Benevides, intitulada “O controle social no Subsistema de Atenção à Saúde Indígena: uma reflexão bioética”, defendida na Faculdade de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, em 2012, para argumentar a favor da participação dos povos indígenas no Controle Social da Saúde Indígena.

O diálogo entre os dois conhecimentos, o empírico, de Ailson Truká, com mais de uma década de ativismo no movimento indígena, e o científico, da pesquisadora, foi bem sucedido e fomentou reflexões e questionamentos. Ailson ressaltou que a terra é um determinante social da Saúde Indígena e que a qualidade de vida e ausência de doenças estão diretamente vinculadas a demarcação das reservas indígenas.

Por Verônica Figueiredo 
Foto: Rondon Vellozo - Sesai/MS


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